segunda-feira, 19 de junho de 2023

Projeção cartográfica!

 Se o mundo é redondo – ou geoide, melhor dizendo –, como ele pode ser desenhado em um papel ou quadro plano? É possível fazer isso sem deixar nenhum tipo de distorção, ou seja, sem nada modificar em relação ao mundo real?

 

A resposta é não. Portanto, quando colocamos os mapas em escala mundial, inevitavelmente existirão “erros” ou modificações propositalmente feitas para não deixar os mapas tão distorcidos ou prejudicar o uso ao qual eles foram destinados. Assim sendo, dizemos que existem diferentes projeções cartográficas.

 

Conceito: as projeções cartográficas são, portanto, o traço sistemático de linhas referentes ao globo terrestre em uma superfície plana. É a forma de representação do planeta – ou uma parte dele – em um mapa.

 

Como é impossível não haver distorções nas projeções, os cartógrafos elaboraram diferentes modelos ao longo do tempo, cada um para um intuito. Assim, em vez de tentarmos considerar qual é a projeção “certa” ou a “errada”, precisamos observar suas características para saber qual delas é mais adequada para os diferentes fins.

 

Considerando a maneira como as projeções são elaboradas, ou seja, os métodos utilizados e os resultados produzidos, existem três principais tipos de projeções cartográficas: a cilíndrica, a cônica e a plana (também chamada de polar ou azimutal).

Projeções cilíndricas: são projetadas a partir de um cilindro envolvendo a esfera terrestre, de modo que os paralelos e meridianos são reproduzidos no plano após a abertura desse cilindro. O exemplo mais conhecido de projeção cilíndrica é a projeção de Mercator, que altera a área dos continentes e mantém as suas formas.






Projeções cônicas: são elaboradas quando um cone envolve a esfera terrestre e reproduz a sua superfície. Os meridianos formam linhas retas que partem de um único ponto em comum, enquanto os paralelos formam semicírculos, como podemos ver a seguir.



Projeções planas: também chamadas de azimutais ou polares, são feitas com um círculo plano colocado sobre uma “face” da Terra, geralmente os polos. Os meridianos também ficam retos e os paralelos formam círculos concêntricos. Observe:


A partir desses modelos, vários tipos de projeções cartográficas foram elaborados. Como já dissemos, a de Mercator é a mais conhecida, sendo mais útil para fins de navegação por manter a proporção das áreas dos oceanos.


Projeção de Mercator 

Apresentada em 1569 pelo cartógrafo Gerhard Mercator, corresponde a uma projeção cilíndrica, cujos paralelos (linhas retas horizontais) e meridianos (linhas retas verticais) cruzam-se em ângulos retos. Nessa projeção, a superfície sofre deformação no sentido leste-oeste e os polos apresentam-se em exagero. Há preservação dos ângulos e deformação das áreas. 




A projeção de Peters (imagem a seguir) altera a forma dos continentes e mantém as suas áreas, sendo muito utilizada para representar a importância dos países do hemisfério sul. Ela também é um tipo de projeção cilíndrica.

 

Apresentada em 1973 pelo historiador Arno Peters. Contudo, a versão de Peters é uma reformulação de uma representação de 1885, proposta por James Gall. Assim, essa projeção é também conhecida como Projeção Gall-Peters. Corresponde a uma projeção cilíndrica equivalente e sua principal característica é o achatamento no sentido leste-oeste e a deformação no sentido norte-sul. Essa característica dá a impressão de que os países em altas latitudes são menores, dando maior destaque aos países “menos desenvolvidos”. O modelo de Peters, portanto, conserva as áreas, mas deforma ângulos e formas.






Já a de Robinson, que altera a forma e também as áreas, é muito utilizada para mapas políticos, pois mantém uma relação de proporção, embora as áreas mais a oeste e a leste no mapa fiquem muito diferentes.
Proposta em 1961 pelo geógrafo e cartógrafo Arthur H. Robinson, corresponde a uma projeção afilática e pseudocilíndrica, apesar de não possuir nenhuma superfície de projeção, suas características assemelham-se à projeção cilíndrica. Nessa projeção, há alteração das formas e das áreas. A representação dos meridianos ocorre por meio de curvilíneas e os paralelos por linhas retas. A intenção dessa projeção é reduzir as distorções angulares, o que gera uma distorção mínima das áreas continentais, sendo, portanto, considerada a projeção que melhor apresenta as massas de terra. 




Vimos que todas as projeções geram distorções. Agora, leiam a matéria da revista Superinteressante sobre as distorções que estamos habituados, como, por exemplo, o real tamanho dos Estados Unidos e da Rússia, que são bem menores do que estamos acostumados a vê-los:





RESOLVA OS EXERCÍCIOS SEM ESPALHAR O RESULTADO PARA A SALA DE AULA.

1 - (Enem 2011) Os mapas árabes ainda desenhavam o sul em cima e o norte embaixo, mas no século XIII a Europa já havia restabelecido a ordem natural do universo. O norte estava em cima e o sul embaixo. O mundo era um corpo, ao norte estava o rosto, limpo, que olhava o céu. Ao sul estavam as partes baixas, sujas, onde iam parar as imundícies e os seres escuros que eram a imagem invertida dos luminosos habitantes do norte.

 

GALEANO, E. Espelhos: Sul. Porto Alegre: L &PM, 2008 (adaptado).


A confecção de um mapa pode significar uma leitura ideológica do espaço. Assim, a Projeção de Mercator, muito utilizada para a visualização dos continentes, caracteriza-se por:

 

a) apresentar um hemisfério terrestre envolvido por um cone. As deformações aumentam na direção da base do cone.

b) partir de um plano tangente sobre a esfera terrestre. Seus paralelos e meridianos são projetados a partir do centro do plano.

c) conservar as formas, mas distorcer as superfícies das massas continentais. Seus paralelos e meridianos formam ângulos retos.

d) alterar a forma dos continentes, preservando a área. Seus paralelos e meridianos formam ângulos retos.

e) representar as formas e as superfícies dos continentes proporcionais à realidade. As linhas de meridianos acompanham a curvatura da terra.



2 - (ENEM, 2016) A ONU faz referência a uma projeção cartográfica em seu logotipo. A figura que ilustra o modelo dessa projeção é:

A ONU faz referência a uma projeção cartográfica em seu logotipo. A figura que ilustra o modelo dessa projeção é:










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